A busca de equilíbrio na natureza - o retorno do sagrado

Na aula de Psicoterapia do Grupo Familiar falávamos acerca das mudanças de base epistemológica pelas quais as ciências vêm passando no decorrer dos últimos séculos. Dos filósofos empiristas aos grandes experimentos, passando por verdades incontestáveis e dúvidas que talvez nunca venham a ser certezas, a Ciência, englobando todas as áreas do conhecimento, acaba por se tornar uma espécie de deus em um mundo que clama por explicações e transformação.
Ao fim da aula, após tantas explanações, algumas das quais contestadas por alguns de nós, a professora nos mostrou um vídeo incrível de um punhado de sal numa placa de som que recebia vibrações de uma dada frequência, o que ocasionava a formação de figuras geométricas das mais detalhadas e perfeitas. 


Como significação para o mostrado no vídeo surgiu a visualização de um equilíbrio intrínseco no universo, que busca incansavelmente uma harmonização. Isso podemos observar na organização de uma sociedade de formigas, onde cada qual assume e cumpre um papel já estabelecido por sua própria natureza, bem como na organização dos planetas em torno de uma estrela, com toda a força gravitacional que os mantém unidos e atuando como um gigante sistema vivo.
De certa forma, ao tentarmos transmitir essa busca por equilíbrio para a sociedade humana, podemos nos ver diante de um entrave: como pode a espécie humana está também se organizando, se a cada dia observamos o caos em todos os setores, como saúde, economia, política? A bem da verdade, o caos é em si mesmo organizador, posto que nada surge do nada, algo deve vir de um ponto que a princípio é caótico mas que aos poucos vai buscando o seu equilíbrio. Não suportaríamos viver em um equilíbrio já pré-estabelecido, pois o caos é criativo, e é ele que nos move, é essa busca infinita por encontrarmos um ponto de harmonia que nos mantém vivos. E, ouso dizer, haverá sempre no universo um lugar qualquer em que o caos é lei e a busca pelo equilíbrio será o estopim para o surgimento da vida.
Com o passar dos séculos e o advento das novas tecnologias, a humanidade perdeu o contato com a natureza, esqueceu-se que faz parte dela, mostra-se como um ser à parte da criação numa escala superior e não percebe que tudo o que sabemos e somos só é possível por que um dia estivemos em integração com essa mesma natureza que nos deu forma e nos ensinou. A religião surge como uma tentativa de fazer essa religação. Religarmo-nos com Deus, que assume infinitas possibilidades dentre as quais  as leis naturais que rege a todos nós que estamos inseridos no universo, essa natureza com a qual aprendemos e que nos mantém em busca da harmonização e equilíbrio. Vista dessa forma, a natureza é também sagrada, e muitos de nós tentamos trilhar novamente os mesmos caminhos de outrora, voltando aos produtos naturais, ao pensamento ecologicamente correto, fugir das grandes cidades e descansar no recanto de uma serra ou de uma praia distante. Isso mostra que estamos tentando encontrar o elo perdido. Em que momento do caminho permitimos que essa integração com a natureza se perdesse, ou ficasse ofuscada pela busca da individualidade e do consumismo?
Se você sente essa integração com a natureza à sua volta, essa ligação e sensação de pertencimento, se compreende que ao desvendarmos os segredos do universo estaremos desvendando aos nossos próprios ( e isso sem pretensão de uma misticidade). então você não precisa de uma religião, de uma religação, porque você já está conectado.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Para todas as mulheres do mundo

Estar com...