Nunca aprendi a falar sobre aquilo que está em meu coração. São sentimentos confusos, perdidos e emaranhados numa teia, repleta de nós. Não me sinto capaz de olhar nos olhos e dizer o que realmente penso. Calo. Desvio o olhar. Não minto. Omito. Não sou sincera. Como uma concha vazia me acolho num buraco cavado no fundo do estômago, que dói quando me sinto entre a cruz e a espada. Agora o cerco está fechado. Se me abro, eu firo. Se me fecho, me firo. É crueldade olhar no espelho dos olhos e querer não me refletir ali. Para não terminar, prefiro partir. Assim coleciono Gestalts sem fim. É errado, eu sei. É mutável. Sim, eu sei. Alguém me diz: tente! E eu tento, mas tudo é silêncio. Perdão? Posso pedir? Mais uma vez? Se pudesses ler nas entrelinhas dos meus lábios fechados, verias uma parte de mim que não aprendeu a ser diferente. Mesmo que a vida ensine, essa lição é difícil de engolir. Mastigo com a garganta seca e engasgo. Sintomatizo e tenho febre. Faz tanto frio