Entrelinhas do silêncio

Nunca aprendi a falar sobre aquilo que está em meu coração.
São sentimentos confusos, perdidos e emaranhados numa teia, repleta de nós.
Não me sinto capaz de olhar nos olhos e dizer o que realmente penso.
Calo.
Desvio o olhar.
Não minto. Omito.
Não sou sincera.
Como uma concha vazia me acolho num buraco cavado no fundo do estômago, que dói quando me sinto entre a cruz e a espada.
Agora o cerco está fechado.
Se me abro, eu firo.
Se me fecho, me firo.
É crueldade olhar no espelho dos olhos e querer não me refletir ali.
Para não terminar, prefiro partir.
Assim coleciono Gestalts sem fim.
É errado, eu sei.
É mutável. Sim, eu sei.
Alguém me diz: tente!
E eu tento, mas tudo é silêncio.
Perdão? Posso pedir? Mais uma vez?
Se pudesses ler nas entrelinhas dos meus lábios fechados, verias uma parte de mim que não aprendeu a ser diferente.
Mesmo que a vida ensine, essa lição é difícil de engolir.
Mastigo com a garganta seca e engasgo.
Sintomatizo e tenho febre. Faz tanto frio aqui dentro de mim. Lá fora está tão quente.
Amo o silêncio.
Mas, às vezes, ele grita.
Não me trate como criança, eu odeio isso.
Sou mais forte do que imagina.
Não me reduza à sua miopia.
Mergulha no método fenomenológico e se afoga nesse copo meio cheio de incertezas.
Está fazendo a pergunta certa?
Não é o que, mas como.
Como eu me sinto e como você se sente.
Eu sei que você sabe quase sem querer que eu não quero o mesmo que você.
...................................................o limite.......................................................



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