Para todas as mulheres do mundo
sangrando, doendo, pingando...
E olho as pessoas ao redor
cada uma com suas chagas abertas.
E eu seria privilegiada?
Vejo minhas ilusões se perdendo na estrada do tempo.
Não sabia que crescer era assim.
Vejo a menina que fui desaparecer lá atrás, na curva do caminho.
Eu choro por isso também.
Por quem fui, e queria manter protegida dentro de mim.
Agora, só posso vê-la voar pelos ares e desaparecer como um sonho,
deixando só a sensação de que sonhei.
Penso nas nossas mães, irmãs, tias, avós, amigas, vizinhas...
mulheres comuns, sem rostos
Essas mulheres que vêm ao mundo com um ar diferente,
um coração um pouco maior, os músculos mais fortes
para suportar os pesos, as dores, as perdas, as traições, as feridas abertas, o peito em chamas.
Essas mulheres que gestam o mundo, e o parem com dores que lhes rasgam as entranhas
e que ainda assim são capazes de amar o maior amor do mundo.
Sinto-me conectada com todas essas mulheres.
Eu sou todas as mulheres do mundo.
A minha dor é a delas.
A dor delas é a minha.
E eu sei que nunca estarei sozinha.
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