A famosa fotografia da Terra tirada pelos astronautas da Apollo 17, na última viagem dos seres humanos à lua.

"Ela se tornou uma espécie de ícone da nossa era. Ali está a Antártida, que norte-americanos e europeus consideram a parte extrema da Terra, e toda a África estirando-se acima dela: vemos a Etiópia, a Tanzânia e o Quênia, onde viveram os primeiros seres humanos. No alto, à direita, estão a Arábia Saudita e o que os europeus chamam de Oriente Médio. Mal e mal espiando no topo, está o Mar Mediterrâneo, ao redor do qual surgiu uma parte tão grande de civilização global. Podemos distinguir o azul do oceano, o amarelo-ocre do Saara e do deserto árabe, o castanho-esverdeado da floresta e dos prados.
Não há, entretanto, sinal de seres humanos na fotografia, nem de nossa reelaboração da superfície da Terra, nem de nossas máquinas, nem de nós mesmos: somos demasiado pequenos e nossa política é demasiado fraca para sermos vistos por uma nave espacial entre a Terra e Lua. Desse ponto de observação, nossa obsessão com o nacionalismo não aparece em lugar algum. As fotografias Apollo da Terra inteira transmitiram às multidões algo bem conhecido dos astrônomos: na escala de mundos - para não falar da escala de estrelas ou galáxias - os seres humanos são insignificantes, uma película fina de vida sobre um bloco obscuro e solitário de rocha e metal."

[SAGAN, C. Pálido Ponto Azul, 1996]

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