Psicologia e Políticas Públicas

Vivemos em uma sociedade em que muita coisa está errada. Violência, crime, corrupção, fome, pobreza, analfabetismo, discriminações, desemprego, exploração, tudo isso vem assolando esse nosso mundo, prejudicando não só a coletividade como um todo, mas também nossa individualidade. Isso afeta quem somos e nossa postura diante do mundo. É então que entra aqui a questão relacionada às Políticas Públicas e como ela vai agir sobre as questões sociais, e em que, eu, como psicóloga (e os demais), posso auxiliar nesse processo.
Como Jack, o Estripador, vamos por partes.
Política: arte ou ciência da organização, direção e administração das nações, estados; conjunto de princípios ou opiniões referentes ao Estado, ao poder; prática ou profissão de conduzir negócios políticos; modo de agir de uma pessoa ou entidade.
Público: comum a todos, popular; o povo, a população, a assistência.
Política + Público = Política Pública: "o conjunto de ações coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais, configurando um compromisso público que visa dar conta de determinada demanda, em diversas áreas. Expressa a transformação daquilo que é do âmbito privado em ações coletivas no espaço público". (Guareschi, Comunello, Nardini e Hoenisch, 2004, p.180).
Políticas Públicas são políticas do Estado e existem para garantir os direitos a que todos os cidadãos têm direito, Ela age no intuito de promover transformações sociais e provocar a participação ativa da sociedade em busca de reconhecer e fazer valer seus direitos, principalmente numa sociedade desigual como a nossa. As Políticas Públicas agem gerando projetos e pesquisas e fazendo com que suas metas sejam cumpridas. Um desses projetos mais importantes são as chamadas Forças-Tarefas da ONU, que envolvem a busca de mudanças nos mais variados âmbitos: fome, pobreza, AIDS, desemprego, educação, moradia, minorias étnicas, meio ambiente, e muitos outros.
No entanto, não se faz política sozinho. Ela é formada pela união de todos e qualquer um. É assim que se começa a melhorar as questões sociais e, poesteriormente, o mundo. Basta começar num âmbito pequeno, como a rua e bairro em que se mora, ou envolver-se em associações e movimentos que discutem e refletem acerca de como transformar as reinvidicações em ações concretas.
Eu, pessoalmente, sempre fui interessada pelas causas sociais. Entretanto, nunca soube como agir, ou mesmo como poderia ajudar, no mínimo, as pessoas da minha rua ou do meu bairro. Confesso que meus próprios direitos são muitaz vezes relegados, por não possuir conhecimento suficiente para defendê-los. E, agora, como futura psicóloga, que estou mais próxima do conhecimento necessário para modificar minha realidade e a daqueles ao meu redor, como posso ajudar?
Encontrei o caminho a partir do momento em que entendi que somente participando das decisões políticas podemos ajudar a tornar a sociedade mais justa.
É fundamental uma maior participação do psicólogo na política. A Psicologia, como ciência, estuda os relacionamentos humanos e as influências destes no contexto social em que estamos inseridos. Como vivemos em sociedade injusta e desigual, o fato de não ter os direitos atendidos, de ser discriminado, de não ter acesso à educação, à saúde, à alimentação, ao lazer, gera um indivíduo doente, dotado de desconforto, mal-estar, sofrimento. Os psicólogos são capacitados para ajudarem a população a lidar com essa frustração, não de forma a aceitá-la, mas a de compreender porque e como ela ocorre e o que fazer para melhorar a própria situação e a da sociedade em geral.
"A psicologia conta com ferramentas que potencialmente podem enfrentar os processos de exclusão social vividos por parcelas significativas da população: vínculo, escuta, cuidado, intervenções coletivas, aproximação com o território e com as redes/conexões estabelecidas pelos sujeitos enquanto suas estratégias de existência (ou seria resistência?). Práticas pautadas por estes pressupostos certamente incidirão na produção de uma subjetividade cidadã - que desloque o sujeito de um lugar "assistido" para um lugar protagonista e de direitos -, articulação de redes sociais em defesa da vida, construindo entre si laços de solidariedade, na lógica da integralidade" (Silvia Gilgliani, Revista CRP).
Agora, eu pergunto:
O que, enquanto alunos, estamos forçando na universidade para podermos atuar nestas áreas tão complexas que constituem as políticas públicas?
Como são contempladas, na nossa formação, práticas que nos coloquem em rede com instituições?
A extensão faria esse papel além do estágio?
Será que as horas dentro de uma sala de aula produzem um psicólogo capacitado para tal atuação?
Que psicólogos queremos nos tornar?
Referências:
RIBEIRO, C. R. A Psicologia e as Políticas Públicas. Contato. Ano 2008, v.10, n.59, mês SET/OUT, pág.12-13.
Tirinhas: http://www.malvados.com.br/
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