A grandeza do ser [10]
" (...) todos os corpos que por nós foram animados, no passado, jazem igualmente no solo ou vão sendo paulatinamente transformados em plantas e flores. Estes corpos eram simples vestuários usados; a nossa personalidade não foi enterrada com eles; pouco nos importa hoje o que deles foi feito. Por que havemos, então, de nos preocupar mais com a sorte do último do que com a dos outros? Sócrates respondia com justeza aos seus amigos que lhe perguntavam como queria ser enterrado: 'Enterrai-me como quiserdes, se puderdes apoderar-vos de mim'.
(...)
Lay your head here |
A morte, diz-nos ela, em nada muda a nossa natureza espiritual, os nossos caracteres, o que constitui o nosso verdadeiro 'eu'; apenas nos torna mais livres, dota-nos de uma liberdade, cuja extensão se mede pelo nosso grau de adiantamento. De um, como do outro lado, temos a possibilidade de fazer o bem ou o mal, a facilidade de adiantar-nos, de progredir, de reformar-nos. Por toda a parte reinam as mesmas leis, as mesmas harmonias, as mesmas potências divinas. Nada é irrevogável. O amor que nos chama a este mundo, atrai-nos mais tarde para o outro; mas, em todos os lugares, esperam-nos amigos, protetores, arrimos. Ao passo que neste mundo choramos a partida de um dos nossos, como se ele fosse perder-se no Nada, por cima de nós seres etéreos glorificam a sua chegada à luz, da mesma forma que nós nos regozijamos com a chegada de uma criancinha, cuja alma vem, de novo, desabrochar para a vida terrestre. Os mortos são os vivos do céu!"
[Extraído do livro "O Problema do Ser, do Destino e da Dor", de Léon Denis, Paris, 1908/ Imagem by Princess Saphron]
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