A grandeza do ser [11]
" Muitas pessoas temem a morte por causa dos sofrimentos físicos que a acompanham. Sofremos, é verdade, na doença que acaba pela morte, mas sofremos também nas doenças de que nos curamos. No instante da morte, dizem-nos os Espíritos, quase nunca há dor; morre-se como se adormece.
mellow (1) |
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Os sofrimentos são tanto mais vivos, quanto mais numerosos e fortes são os laços que unem a alma ao corpo. Tudo o que os pode diminuir, enfraquecer, tornará a separação mais rápida, a transição menos dolorosa.
Se a morte é quase sempre isenta de sofrimentos para aqueles cuja vida foi nobre e bela, não sucede o mesmo com os sensuais, os violentos, os criminosos, os suicidas.
Uma vez transposta a passagem, uma espécie de perturbaçao, de entorpecimento, invade a maior parte das almas que não souberam preparar-se para a partida.
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God's Power (2) |
No estado de perturbação, a alma tem consciência dos pensamentos que se lhe dirigem. Os pensamentos de amor e caridade, as vibrações dos corações afetuosos brilham para ela como raios na névoa que a envolve; ajudam-na a soltar-se dos últimos laços que a acorrentam à Terra, a sair da sombra em que está imersa. É por isso que as preces inspiradas pelo coração, pronunciadas com calor e convicção, principalmente as preces improvisadas, são salutares, benfazejas para o Espírito que deixou a vida corporal; pelo contrário, as orações vagas, pueris, das Igrejas, sao muitas vezes ineficazes. Pronunciadas maquinalmente, não adquirem o poder vibratório, que faz do pensamento uma força penetrante e, ao mesmo tempo, uma luz.
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As saudades da partida são, decerto, legítimas, e as lágrimas sinceras sao sagradas; mas, quando demasiado violentas, estas saudades entristecem e desanimam aquele que é objeto e, muitas vezes, testemunha delas. Em vez de lhe facilitarem o vôo para o Espaço, retêm-nos nos lugares onde sofreu e onde ainda estão sofrendo aqueles que lhe são caros.
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Sky (3) |
Quanto aos suicidas, a perturbação em que a morte os imerge é profunda, penosa, dolorosa. A angústia os agrilhoa e segue até à sua reencarnação ulterior. O seu gesto criminoso causa ao corpo fluídico um abalo violento e prolongado que se transmitirá ao organismo carnal pelo renascimento.A maior parte deles volta enferma à Terra. Entando no suicida, em toda a sua força, a vida, o ato brutal que a despedaça produzirá longas repercussões no seu estado vibratório e determinará afecções nervosas nas suas futuras vidas terrestres.
O suicida procura o Nada e o esquecimento de todas as coisas; mas vai, ao contrário, encontrar-se em face de sua consciência, na qual fica gravada, para todo o sempre, a recordação lamentável da sua deserção do combate da vida. A prova mais dura, o sofrimento mais cruel que haja na Terra é preferível à recriminação perpétua da alma, à vergonha de já não se poder prezar.
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Os motivos de suicídio são de ordem passageira e humana; as razões de viver são de ordem eterna e sobre-humana. A vida, resultado de um passado completo, instrumento de futuro, é, para cada um de nós, o que deve ser na balança infalível do destino. Aceitemos com coragem suas vicissitudes, que são outros tantos remédios para as nossas imperfeições, e saibamos esperar com paciência a hora fixada pela Lei equitativa para termo de nossa permanência na Terra."
[Extraído do livro "O Problema do Ser, do Destino e da Dor", de Léon Denis, Paris, 1908.Imagens by: (1) Patrick Ruegheimer; (2) Kaandamn; (3) Kizukoo]
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