A grandeza do ser [9]

"Por que existe, pois, o medo da morte, a ansiedade pungente, com relação a um ato que não é o fim de coisa alguma?
É quase sempre porque a morte nos parece a perda, a privação súbita de tudo o que fazia a nossa alegria.
Serenity (1)

(...)

A morte nem sequer nos priva das coisas deste mundo. Continuaremos a ver aqueles a quem amamos e deixamos atrás de nós. Do seio dos Espaços seguiremos os progressos deste planeta; veremos as mudanças que ocorrerem na sua superfície; assistiremos às novas descobertas, ao desenvolvimento social, político e religioso das nações, e, até a hora do nosso regresso à carne, em tudo isso havemos de cooperar fludicamente, auxiliando, influenciando, na medida do nosso poder e do nosso adiantamento, aqueles que trabalham em proveito de todos.
Bem longe de afugentar a idéia da morte, como em geral o fazemos, saibamos, pois, encará-la face a face, pelo que ela é na realidade. Esforcemo-nos por desembaraçá-la das sombras e das quimeras com que a envolvem e averiguemos como convém nos prepararmos para este incidente natural e necessário do curso da vida.

(...)

Fallen Angel (2)
O nosso progresso e a nossa elevação exigem-no: mais dia menos dia, temos de ficar livres do invólucro carnal, que, depois de haver prestado os serviços esperados, se torna impróprio para seguir-nos em outros planos do nosso destino. Como é possível que aqueles que crêem na existência de uma Sabedoria previdente, de um Poder ordenador, qualquer que seja, aliás, a forma que emprestem a esse Poder, considerem a morte um mal? Se ela representa um papel importante na evolução dos seres, não é por ser uma das fases reclamadas por esta evolução, o 'pendant' natural do nascimento, um dos elementos essenciais do plano da vida?
O Universo não pode falhar. Seu fim é a beleza; seus meios a justiça e o amor. Fortaleçamo-nos com o pensamento dos porvires sem limites. A confiança na outra vida estimulará os nossos esforços, torná-los-á mais fecundos. Nenhuma obra de vulto e que exija paciência pode ser levada a cabo sem a certeza do dia seguinte. De cada vez que, à roda de nós, distribui os seus golpes, a morte, no seu esplendor austero, torna-se um ensinamento, uma lição soberana, um incentivo para trabalharmos melhor, para procedermos melhor, para aumentarmos constantemente o valor da nossa alma."

[Extraído do livro: "O Problema do Ser, do Destino e da Dor", de Léon Denis, Paris, 1908/ Imagens: (1) by justswell, (2) by justswell]

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