A grandeza do ser [3]
It's not only green (1) |
"A lei do progresso não se aplica somente ao homem; é universal. Há, em todos os reinos da natureza, uma evolução que foi reconhecida pelos pensadores de todos os tempos. Desde a célula verde, desde o embrião errante, boiando à flor das águas, a cadeia das espécies tem-se desenrolado através de séries variadas, até nós.
Cada elo dessa cadeia representa uma forma de existência que conduz a uma forma superior, a um organismo mais rico, mais bem adaptado às necessidades, às manifestações crescentes da vida; mas, na escala da evolução, o pensamento, a consciência e a liberdade só aparecem passados muitos graus. Na planta, a inteligência dormita; no animal, sonha; só no homem acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente; a partir daí, o progresso, de alguma sorte fatal nas formas inferiores da Natureza, só se pode realizar pelo acordo da vontade humana com as leis Eternas.
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A teoria da evolução deve ser completada pela da percussão, isto é, pela ação das potências invisíveis, que ativa e dirige esta lenta e prodigiosa marcha ascensional da vida do Globo. O mundo oculto intervém, em certas épocas, no desenvolvimento físico da Humanidade, como intervém no domínio intelectual e moral, pela revelação medianímica. Quando uma raça que chegou ao apogeu é seguida por uma nova raça, é racional acreditar que uma família superior de almas encarna entre os representantes da raça exausta para fazê-la subir um grau, renovando-a e moldando-a à sua imagem. É o eterno himeneu entre o céu e a Terra, a infinita penetração da matéria pelo espírito, a efusão crescente da vida psíquica na forma em evolução.
The Waterdancer (2) |
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Assim como cada nascimento se explica pela descida à carne de uma alma que vem do Espaço, assim o primeiro aparecimento do homem do homem no Planeta deve ser atribuído a uma dessas Potências invisíveis que geram a vida. A essência psíquica vem comunicar às formas animais evolutidas o sopro de uma nova vida; vai criar para a manifestação da inteligência, um órgão até então desconhecido - a palavra. Elemento poderoso de toda a vida social, o verbo aparecerá e, ao mesmo tempo, a alma encarnada conservará, mediante seu invólucro fluídico, a possibilidade de entrar em relações com o meio donde saiu.
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O que impera nas baixas regiões da vida é a luta ardente, o combate sem tréguas de todos contra todos; a guerra perpétua em que cada ser faz esforço para conquistar um lugar ao sol, quase sempre em detrimento dos outros. Essa peleja furiosa arrasta e dizima todos os seres inferiores nos seus turbilhões.
O nosso Globo é como uma arena onde se travam batalhas incessantes.
A natureza renova continuamente esses exércitos de combatentes. Na sua prodigiosa fecundidade, gera novos seres; mas logo a morte seifa em suas fileiras cerradas. Essa luta, horrenda à primeira vista, é necessária para o desenvolvimento do princípio de vida, dura até ao dia em que um raio de inteligência vem iluminar as consciências adormecidas. É na luta que a vontade se apura e afirma; é da dor que nasce a sensibilidade.
A evolução material, a destruição dos organismos é temporária; representa a fase primária da epopéia da vida. As realidades imperecíveis estão no Espírito; só ele sobrevive a esses conflitos. Todos esses invólucros efêmeros não são mais do que vestuários que vem ajustar-se à sua forma fluídica permanente. Cobre-os com vestuários para representar os numerosos atos do drama da evolução no vasto palco do Universo."
[Extraído do livro " O Problema do Ser, do Destino e da Dor", de Léon Denis, Paris, 1908./ Imagens: (1) by popoks, (2) by alfred-georg]
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