As Dores da Alma - Crueldade

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" A atrocidade, o sadismo, a perversidade e a desumanidade são características provenientes da insensibilidade ou enrijecimento da psique humana, em processo incial de desenvolvimento espiritual.
A Espiritualidade, na terceira parte, cap. VI, de 'O Livro dos Espíritos', expõe: '(...) o senso moral existe, como princípio em todos os homens (...) dos seres cruéis fará mais tarde seres bons e humanos (...)'.
As faculdades do homem estão em estado latente, 'como o princípio do perfume no germe da flor, que ainda não desabrochou', assim, também, em essência somos todos unos com a  Perfeição Divina que habita em nós.
Todo processo de aprendizagem resulta em uma expansão da consciência, o que nos possibilita, gradativamente, abandonar os gestos bárbaros. Quando a criatura integrar na sua mentalidade o senso moral, que nela reside em estado embrionário, converterá os atos agressivos em atitudes sensatas e humanas.
Um traço comum em toda a Natureza é a evolução. Evoluir é o grande objetivo da Vida, pois, quanto mais progredirmos, mais resolveremos nossos problemas com harmonia e sensatez. A maioria dos indivíduos se comporta como se os problemas existisse por si sós e exige que o mundo exterior os resolva. Mas as dificuldades não existem fora, e sim dentro de nós mesmos. Nesse caso, quanto mais percebermos essa realidade, mais aprenderemos como solucioná-los sem brutalidade.
Cada ato de agressividade que ocorre neste mundo tem como origem básica uma criatura que ainda não aprendeu a amar. Naturalmente, todos nós ficamos indignados com a rudeza ou a maldade, mas devemos entender que isso é um processo natural da humanidade em amadurecimento e crescimento espirituais.
Por trás de todo ato de crueldade, sempre existe um pedido de socorro. Precisamos escutar esse apelo inarticulado e dissolver a violência com nossos gestos de amor.
Os atos e a vida do Cristo apresentam, sob muitos aspectos, sempre algo de novo a ser interpretado em seu significado mais profundo. A História da humanidade nunca registrou nem registrará fato tão cruel e violento na vida de um ser humano como aquele ocorrido há mais de dois mil anos.
Os judeus tinham, nas redondezas de Jerusalém, uma colina que se destinava à execução dos condenados da época.
Era um terreno de acentuado declive, aspecto pesado e sombrio, onde crucificavam assassinos e ladrões. Os gregos deram-lhe o nome de Gólgota, do hebraico 'gulgoleth' (crânio), os romanos chamavam de Calvário, do latim 'calvarium' (lugar das caveiras). Esse sítio tinha uma formação rochosa que se assemelhava a uma caveira, além de nele se encontrarem, por todos os lados, crânios em decomposição, expostos ao tempo.
Nesse tétrico lugar, um ser extraordinário, que queria simplesmente despertar nos homens sua 'dimensão esquecida', ou religar esse 'elo perdido' ao Poder da Vida, foi crucificado penosamente.
'E quando chegaram a um lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram, juntamente com dois malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Mesmo diante do sofrimento, Jesus dizia: 'Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem'. (Lucas, 23:33,34)
O grande número de pessoas ali presentes representava a violência humana; para elas não havia sequer um laivo de maldade em suas ações, e se ofenderiam, certamente, se fossem acusadas de perversas. Jesus, no entanto, as entendia em sua infância espiritual.
Todos nós, na atualidade, preocupados em saber como lidar com a violência que explode de tempos em tempos no sieo da sociedade terrena, devemos sempre fazer uma busca interior para compreender integralmente o significado majestoso dessa atitude de entendimento, perdão e amor que Jesus Cristo legou para toda a humanidade."


[Do livro "As dores da alma", de Francisco do Espírito Santo Neto, ditado por Hammed, 1998/ Imagem: FriendFrog]

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