Cartas...retalhos...guardados...enviados...nem sei

"O meu futuro é lindo e será acompanhado de felicidades. Tenho um ideal, desse modo não iludirei minha confiança. A porta permanecerá aberta aos homens de boa vontade."

"Aqui estou para responder a tua carta que veio trazer à minha alma alento e gratidão pelos seus dizeres, que, tenho certeza, são sinceros, pois brotaram de um nobre coração."

"Naturalmente que pendo muito e sempre em você, nos momentos em que estivermos juntos. Quando poderemos nos encontrar?"

"Você sabe que estou te esperando... O meu coração, você já o habita e há muito é senhor. Um suave e amoroso senhor, que o dominou sem guerras e ódios, e sim com paz e amor, as duas maiores armas para a felicidade."

"As coisas não vão bem. Tento pensar, tento pensar: O bom pensar incentiva a vida. É que às vezes, o que o homem propõe, Deus dispõe e outras não. Eu não queria ser açoitado pelos ventos contrários e queria ser guiado pela trilha que almejamos. Você não quer ficar sempre junto de mim?"

"Releio sua última carta, meu querido... É preciso que tenhamos fé. Você sabe: nada seríamos na vida, sem fé. Seria tão difícil suportar a luta de cada dia. É ela que alimenta o nosso espírito para os altos e nobres desejos. A fé foi feita para que a gente continue vivendo."

"Você volta cansado e esmorecido sem que nada possa aliviar esse teu fardo. Mesmo com este calor, estes tempos de seca... teremos nossa vez!"

"Como seria bom se eu pudesse ouvir estas palavras proferidas dos teus lábios. Ontem deitado, ao reler tua carta, senti como se estivesse ao seu lado. Gostaria de não ter que esperar mais para tê-la. Gostaria de me transbordar de amor agora. Sei que sou rude falando assim. Sei que a sociedade requer outras maneiras e que no futuro vai ser: amor, vontade e sucesso. Preciso acreditar nisso, senão o que fiz até agora para o quê serviria? Eu espero ser feliz."

Depois de muitas cartas e algum silêncio, ele invadiu sua casa, aproveitando que os pais estavam fora. Ajoelhou-se em frente a ela, e como não sabia se comportar, obrigou-a a um beijo. Nunca tinha conseguido dizer "eu te amo".

[Extraído de: Entre Lembranças e Esperanças - Rita Buzzar, 2004]