Um ciclo

Mais uma vez o fim se aproxima. E a cada momento sinto-o mais perto, quase palpável, porém, cheio de incertezas.
Em todas as minhas fantasias, eu jamais imaginei que seria assim, tão silencioso e estranho e cheio de não ditos... por todas as coisas já ditas e promessas celadas entre nós... esse era o fim não possível.
Mas aqui estamos nós... ou apenas eu e apenas você?
É tão estranho e confuso dentro de mim, não sei que palavras exportar, nem se permito que as lágrimas de um 'adeus' eminente brotem e rolem por minha face, porque sinto que isso acelera um fim que não deveria vir nunca, porque estaríamos sempre juntos, atravessaríamos tempestades e sairíamos vitoriosos e sorridentes de todas as dificuldades, porque teríamos um ao outro para apoiar-se e proteger.
Foi tão estranho aquele dia, e todos os dias depois de então. E o teu silêncio, e a tua negação atuam tão forte em mim que me vejo em vias de dizer-te que, mesmo não desejando, estamos esperando pelo fim. Ou este já chegou, e apenas as palavras que o acolhem não foram ditas.
Apesar de doer (a dor, essa inevitável fraqueza ou fortaleza humana), sinto-me tranquila... sim, porque fiz por nós o que estava dentro das minhas possibilidades, do meu possível neste momento. Porém, eu cresci tanto em te encontrar, que tudo valeu a pena. Tudo. Não consigo evitar, no entanto, questionar-me se nosso encontro te proporcionou algum crescimento, se foi para ti fonte de inquestionável alteração do eu, de amadurecimento, de expansão das potencialidades, de esperança e felicidade. Anseio intimamente que sim, de modo que haja um pedacinho meu em ti, assim como há uma parte de ti que se integrou em meu caminhar e que não pode jamais ser perdido, porque é o resultado do fabuloso encontro entre dois seres. Esses encontros, que nunca são acasuais, representam um ciclo que se expande ininterruptamente... o ciclo da vida. Da VIDA.

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